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segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

IX,

“One day I will find the right words, and they will be simple.”
Jack Kerouac



Comecei a escrever desde que me lembro. Tinha vários diários onde descrevia o meu dia. Foi assim que ganhei o gosto pela escrita. Pequenas frases, tão inocentes quanto a idade, uma linguagem corrente, uma escrita infantil e de fácil compreensão. Escrevia sobre sentimentos, sobre o rapaz bonito da sala de aula com quem fantasiava viver um conto de fadas. Escrevia sobre o meu primeiro beijo, aquele momento que foi tão especial para a rapariguinha de doze anos, sobre a família, sobre os amigos.
Depois comecei a fazer composições largas nas aulas de português. A inventar histórias. Sempre fui uma devoradora de livros, e gostava de escrever os meus próprios contos. Mas nunca os mostrava a ninguém. Pareciam-me demasiado ridículos para serem ouvidos. Dos contos passei às cartas, e talvez estas sempre me tenham dado um prazer especial em redigir. A carta é talvez a forma mais intima de escrevermos para alguém. E eu adorava escrever para os meus amigos. Agradecendo-lhes pelos bons momentos, felicitando-os, de uma  forma mais ou menos apaixonada.
E foi então que o conheci, ao meu primeiro amor. E desde aquele primeiro dia que comecei  a escrever num caderninho. Só para ele. Por vezes, contava-lhe os meus dias, como se ele não os tivesse vivido, e de outras escrevia simplesmente todos os devaneios que me iam no coração. Ele era a minha maior fonte de inspiração, o meu ponto de referência. Considerem-no uma musa, se quiserem. Mas pensando nele, as palavras saiam-me fáceis, sem bloqueios, sem paragens na caneta.
Depois de ele se ter ido embora para sempre, os meus desabafos nas linhas tornaram-se melancólicos, por vezes carregados de raiva e frustração. Foi talvez este o tempo em que mais escrevi. O meu caderno tornou-se o meu maior amigo, uma vez que eu sentia que não poderia confiar em ninguém, e que só ali poderia expressar a minha mágoa sem ser julgada. E assim o fiz até entrar na faculdade, em Setembro de 2011.
Depois de ter chegado a esta nova cidade que se tornou a minha casa, comecei a partilhar as minhas novas aventuras, os meus novos amigos. E aos poucos, fui sentindo menos necessidade de escrever. Voltei-me um pouco para o erotismo, para os desejos e segredos que me consumiam a alma. Mas depois voltei a ter um coração partido. E agora, mesmo estando mais ou menos bem, voltei a sentir-me viva com as palavras. Voltei a desejar escrevinhar a azul nas páginas há muito esquecidas. Voltei a ser eu. 
E por isso, decidi começar um novo capitulo, uma nova história. Está na altura de virar a página. E de seguir em frente com a vida. 

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