Desire XIII,

Eu já sabia. Há muito tempo. Não que desta vez tivesses sido tu a contar-me, mas não me negaste nada quando te confrontei. Fiz de conta que não era verdade. Que essa nova pessoa não existia. Até porque estava a na esperança que pela primeira vez na vida, fosses honesto contigo mesmo. 

O padrão é o mesmo de sempre. Durante umas semanas, as chamadas semanas do engate, desligas-te completamente de mim. Quando isso acontece eu já sei o que é que está para vir. Depois voltas de mansinho, com conversas muito básicas e muito focadas em mim, em problemas, mas sempre sem tempo para nos encontrarmos, porque tens mil e uma coisas para fazer, ainda que no fundo eu já saiba qual é o verdadeiro motivo do teu afastamento. A seguir, tento convencer-me de que desta vez é mesmo o nosso fim. Que chegou a hora de nos desprendermos, de desligarmos o botão que activa o desejo que sentimos um pelo outro, de seguir em frente. E quando eu menos espero, ou melhor, quando tu te cansas delas, voltas ao mesmo de sempre, a mim. 

Chego às vezes a pensar que eu acabei por me tornar no teu porto seguro. Naquela pessoa que nunca te vai dizer que não a nada. Mas já sabes que os meus valores falam mais alto do que eu, e enquanto houver outra, por muito que me custe, eu não volto para ti. Não quero ser a tua amante. Não mereço isso, nem ela tampouco. Tu, és aquela pessoa que eu mais desejo, aquele homem capaz de me dar a volta à cabeça e de me deixar completamente ansiosa pela noite ou manhã seguinte, mas não posso fazê-lo. 

Porque há coisas que eu não percebo. Não te posso perguntar, porque a resposta vem sempre carregada de mentiras. Não, não me digas que gostas delas, que esta é a sério, que estás super apaixonado, porque não estás. Se estivesses realmente, não voltavas para mim. Está na altura de te fazeres homem. Eu sei que tens medo da solidão. Sei que precisas de te sentir amado. Mas enquanto quiseres estar comigo, só te peço que não tenhas alguém a sério. Porque eu quando encontrar a minha pessoa certa vou desligar-me de ti. E por muito que me custe, porque nada me dói mais do que isso, está na altura de fazeres o mesmo.