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sexta-feira, 16 de maio de 2014

(O primeiro amor nunca se esquece)


Hoje pensei em ti. 
Já não me lembrava há tanto tempo que foi estranho. Senti um sabor amargo, uma sensação de desconforto, estranheza. Mas nunca se esquece o primeiro amor, não é? E eu nunca te esqueci, ainda que já não sinta o mesmo por ti. 
Acho que nunca vou apagar da memória aquele dia em que me deixaste. Foi um dos piores da minha vida. É-me impossível não relembrar toda a dor que se entranhou dentro do meu peito, todos os dias de angústia, todo aquele tempo em que definhei para o fundo de um abismo que parecia nunca mais acabar. Jamais vou conseguir deixar de ouvir o som do meu coração a partir-se em mil pedaços, depois de to ter dado e de tu o teres esmagado. 
Esperei três anos. Três anos, quarenta e dois meses, mil duzentos e setenta e cinco dias. E tu não voltaste. Percebi que a minha luta tinha chegado ao fim no dia em que esperaste no altar por uma mulher que não era eu. Fiquei sem chão, foi como se subitamente tivesse deixado de poder respirar. 
Mas depois, comecei uma nova vida. Longe de tudo, de todos, sozinha e de malas feitas. Apostei no meu futuro. Fiz amizades que vou levar para sempre no coração. E atirei para o baú de recordações tudo o que me lembrava de ti. E nunca mais pensei em nós. 
Agora voltaste. Quase três anos depois de eu ter ganho coragem de remendar todas as minhas feridas. Voltaste. E eu fiquei petrificada. Enquanto conversávamos, eu senti uma náusea imensa dentro de mim. Disse a quem estava comigo que não me incomodava. Mas menti. 
As recordações vieram todas ao de cima. O dia em que nos conhecemos, aquele amor à primeira vista. Aquela nossa felicidade de miúdos, o jeito que tu tinhas para me acalmar quando estava nervosa. Todas aquelas vezes em que me limpaste as lágrimas; todas aquelas vezes em que me fizeste sorrir. Todos os presentes que me deste, todas as surpresas inesperadas. Aquele primeiro beijo, no meio de pó, com o sol a queimar-nos a cara. Todas aquelas tardes de mão-na-mão, sentados no sofá, ou a adormecer nos braços um do outro. O melhor bolo de aniversário que alguma recebi, um queque improvisado com uma vela em cima. E depois disso, um vazio imenso, uma traição demasiado insuportável de aguentar. 
Agora, enquanto que penso em todas essas coisas e sorrio, percebo que só tenho que te agradecer. Por me teres sido o melhor primeiro amor do mundo. Por teres sido a pessoa que melhor me conheceu em toda a vida. E, finalmente, por me teres partido o coração. Foi graças a ti que eu me tornei mais forte, foi graças a ti que eu ganhei coragem para seguir em frente. Se não tivesses sido tu, eu não tinha conseguido aproveitar todas estas coisas maravilhosas que a minha nova cidade me deu. 
Sim, eu vou levar-te sempre no coração. Mas depois de ti vieram outros. Depois de ti já me aconteceu tanta coisa tão pior que esse passado já não me incomoda. Depois de ti vivi a melhor aventura da minha vida. Depois de ti voltei a apaixonar-me, voltei a sair de coração partido. 
Agora, mais adulta, compreendo que o nosso amor não podia ter durado. Agora, sou mais paciente. Agora, voltei a apaixonar-me. De uma maneira mais madura, não tão empolgante, não tão jovial. Diferente. Mas cada amor vem no seu tempo certo. E nosso já passou. Há cinco anos que acabou. Não há volta a dar a isso. 

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