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quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Love IX,

« Love does not begin and end the way we seem to think it does. 
Love is a battle, love is a war; love is a growing up.» 

James A. Baldwin


Não sei bem o que esperava. Tinha medo. Só medo. Primeiro não senti nada. Aqueles dois beijos de cortesia não tinham significado coisa alguma. Não me derreti com o teu sorriso, não fiquei petrificada pela intensidade dos teus olhos. Senti-me orgulhosa do meu progresso. O pior veio depois. 
Estivemos sozinhos. A falar abertamente sobre tudo aquilo que ficou por dizer. Comecei por dizer que eras um burro. Que desperdiçaste todas as oportunidades que te tinham sido dadas. E que no meio disso tudo acabaste por me perder. Pela primeira vez desde que nos conhecemos, senti que estivesses a falar de coração aberto. Deixaste a máscara à entrada e deste-me todas as respostas pelas quais há muito eu ansiava. Percebi que estavas a ser honesto pelo teu constrangimento enquanto falavas, como se quisesses fugir da realidade, por todas as vezes em que baixaste os olhos envergonhado e admitiste que eu tinha razão. 
Não te vou dizer que me tenha dado imenso prazer ver-te em baixo, a cair finalmente na real. Não deu. Mas também não senti pena. Tu merecias ouvir todas aquelas palavras. Se calhar até outras piores. No fim, pediste-me um abraço. E eu dei-te. Enquanto nos abraçavamos vi que tinhas fechado os olhos e que a cara te tinha caído no meu ombro. Inalei o teu perfume. O meu coração batia a mil. Depois, puseste as mãos na minha cintura e olhaste-me nos olhos. Deixei de respirar. 
- Não posso voltar a dizer que gostaria de ter uma relação agora. Não faria sentido. 
- Nem eu quero isso. 
- Mas se for honesto tenho que dizer que me apetece mesmo beijar-te. 
Fez-se silêncio e durante um momento eu fiquei sem saber o que fazer. Mas tu não me deixaste responder e juntas-te os nossos lábios. A primeira reacção que tive foi deixar-me ficar, imóvel. Mas depois senti aquele frio no estômago, o batimento cardíaco já não era contável. E foi então que me deixei levar pelo teu beijo. Pus as mãos na tua face, acariciando-a, enquanto te beijava. Apertaste-me de encontro a ti. E momentos depois, eu lutei contra todas as forças do meu corpo, e afastei-te. 
Sentei-me do teu lado e tu deste-me a mão. E enquanto ali estávamos, de mãos enlaçadas, olhando o vazio e sem dizer uma única palavra, eu lembrei-me da nossa primeira despedida, na noite anterior à minha partida. O momento foi quase idêntico. Levantaste-te e eu soube que tinha chegado a hora de dizermos o adeus definitivo ao amor que tinha sido criado por nós. Deste-me mais um beijo, desta vez muito lento, e deixaste que a mão se desprendesse aos poucos da minha. 
Depois de te ires embora deixei-me ficar sentada durante algum tempo. Não verti uma única lágrima, nem sequer senti melancolia a criar-se dentro de mim. Sorri. Encontrei, finalmente, a minha paz para contigo. E não podia ter imaginado um final melhor para o teu capitulo na minha vida. 

Au revoir, mon amour

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