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quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

XII,

(comecei a escrever isto ontem, mas só consegui acaba-lo hoje)



Faz hoje cinco anos. Cinco anos desde aquele dia em que me destruíste. Cinco anos desde aquele adeus, naquela manhã chuvosa, naquele corredor. 
Amei-te muito, sabes? Tanto que acho que nunca na vida vou ser capaz de voltar a amar ninguém assim. E sinceramente já não penso em ti. Nem sequer por breves momentos. Mas hoje, hoje é diferente. 
Apetecia-me ver aquelas fotografias dos nossos tempos, mas não as encontro. Sei que as tenho guardadas, algures, juntamente com os diários e cartas de amor, mas estão num canto qualquer que pertence ao passado e ao qual eu nunca mais quero voltar. 

Fiz uma pausa. Tomei um café e fumei um cigarro. Fui àquela gaveta no fundo do armário e comecei a ler. 


« Viana do Castelo, 4 de Fevereiro de 2011

Faz hoje dois anos. Dois anos. Mal consigo acreditar que já passou tanto tempo desde esse dia. Como é que nós, amantes que estavam juntos todos os dias, que tinham conversas de horas a fio, ficam de costas voltadas por tanto tempo? 
As pessoas dizem-me para deixar ir, que acabou, que está na altura de seguir em frente. E eu sei disso. Aceitei, respeitei a tua decisão, esqueci o meu grande amor. Mas nada nem ninguém, por muito que eu queira, pode fazer com que eu deixe de sentir saudades tuas, da pessoa que eu conheci. Porque tenho muitas, muitas saudades nossas, dos abraços de urso, dos beijos na bochecha, dos tempos em que não haviam reservas ou assuntos tabu nas nossas conversas. 
Sei que nunca vou esquecer aquela quarta-feira. Por muito tempo que passe. »

Confesso que esbocei um sorriso. Não de nostalgia, mas de alivio. Continuo a lembrar-me claro, lembro-me sempre de tudo. Mas agora é diferente. Há muito tempo que acabei aquele nosso livro, há muito tempo que segui em frente com a vida. 
Vais ser sempre uma boa parte de mim. Mas agora consigo manter-te no sitio certo. 

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